quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

TDAH



Às vezes nos acostumamos tanto a sofrer com o preconceito, que nos tornamos um de nossos algozes.
Em muitas situações já me senti fora do mundo, como que flutuando, sem saber que isso não era normal, até pensei se as outras pessoas também se sentiam assim, deslembrando tudo, tendo que escrever pra não passar batido, colocar o alarme do celular avisando cada compromisso mesmo que tivessem um por mês, aniversários, horários, depois esquecendo o celular em algum lugar e pensando, o que eu marquei mesmo?
Quando criança, na escola, sempre estive no grupo das excluídas, com certeza nunca fui a popular e assim preferia, até hoje opto pelo isolamento. Sei que preciso aprender o contrário, ser sociável, atualmente compreendo as motivações e procuro evoluir.

Tudo em volta ora mais rápido, ora mais lento que eu, como se fosse um filme, as pessoas, natureza, o todo não estava em sintonia comigo, ou melhor, eu não estava na mesma sintonia, essas são situações corriqueiras, o diferencial é o contrário.
Não chegar no horário combinado? Isso pra mim é extremamente normal mesmo me vigiando em tempo integral, mas agora resolvi mudar a tática, estou anotando em meu celular o horário acordado, todavia com meia hora de antecedência, é mais eficaz.
Diversas situações nos fazem ser diferentes, pelo menos foi assim que sempre pensei, que não era normal.

Quantas vezes por ter esquecido um evento, data comemorativa, celular, já fui tachada de distraída ou sentenciada por não ter dispensado a devida importância.
Quanto a me confundir a que fazer primeiro quando existem várias situações a serem resolvidas ou derrubar tudo pela frente, as pessoas denominam-me de estabanada e perdida.
“No mundo da lua”, quem nunca ouviu essa expressão? Não é muito legal. Mal sabem que minha quietude é tão somente aos olhos de outrem, minha mente não para um só segundo, noites com dificuldades de dormir, como se não conseguisse desligar, durante o dia não consigo, é tudo passando ao mesmo tempo, penso agora em algo, daqui segundos em outra coisa, volto a ter o pensamento anterior com outros porquês, e assim vai, difícil explicar.


Tem também a questão de sempre ter que estudar três vezes mais que outras pessoas só pra memorizar um simples texto, cansativo, necessário haver muita força de vontade. Já cheguei a cogitar ser adotada, meu irmão sempre aprendera com tanta facilidade, às vezes nem necessitando ler pela segunda vez ou até somente prestando atenção ao que o professor falava. No meu caso era diferente, tinha que prestar atenção na aula, grava-las com meu aparelho ainda à fita, transcrevê-las e depois ler de duas a três vezes. Não que não tivesse tentado escrever enquanto ouvia os meus mestres, mas quando eles estavam na décima frase, eu ainda estava pensando o que significava a expressão dita na segunda e me perdia em escrever, pensar, ouvir e entender ao mesmo tempo.

Matemática é uma matéria realmente impossível pra mim, até hoje não a compreendo e agradeço por atualmente existir Excel e celulares com calculadoras.
No “meu mundo” isso sempre foi normal, todas essas situações e denominações, até que conheci um anjo, digo anjo, pois essa pessoa me perguntou se eu conhecia o significado da sigla TDAH, na verdade pensei que estivesse falando de algum tributo ou algo assim, mas não. Ela pacientemente explicou-me o que era, e me aconselhou a procurar um neurologista especialista no assunto TDAH. Quando tomei conhecimento notei que todo esforço que fazia pra me tornar menos relaxada, esquecida, perdida, displicente, no mundo da lua e tantas mais denominações preconceituosas a mim deferidas e infelizmente, por mim deferidas, tinham suas motivações.
Hoje sei, sim sou normal, dentro da normalidade das nossas diferenças de aprendizado e evolução. Todos têm suas questões a resolver, e preconceituosas são aquelas pessoas que simplesmente tacham alguém de algo por ser diferente delas, sem nem sequer prestarem atenção aos seus próprios problemas, protelando automaticamente suas soluções.
O preconceito significa covardia, e procurar saber, por mais tolo que pareça os gestos repetitivos seja de esquecimento, de distração, descuidos, enfim, isso sim é ter coragem. É enfrentando nossos próprios receios e questões que adquirimos hombridade, evolução e paz.

• Os sintomas postos acima são somente alguns dos descritos no quadro clínico do TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade. Se estiver interessada (o) em compreender mais sobre o assunto é possível verificar o significado, depoimentos, locais de tratamento, profissionais, dentre outras informações acessando o link abaixo:
http://www.tdah.org.br

2 comentários:

  1. Muito bom, a maneira de analizar os acontecidos ou seja compreende-los.
    UM BEIJÃO.
    SHALLON.

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