sábado, 16 de março de 2013

Menino-homem




O vejo quebrando toda a estante. Não quer parar. Somente eu consigo ver. Por fora é só calmaria.
Pare! Não destrua tudo. Desprezas que nada restará? Será você a repor novamente.
Do que adianta essa agressividade? Ninguém te ouve, ninguém te vê. Grite o quanto quiser, seja qual movimento venha a fazer, todo barulho será em vão.
Acalmou-se.
Está chorando agora.
Pobre menino. O que te faz sofrer tanto assim? Porque choras tanto? Qual a origem de tamanha angustia e desespero?
Não te preocupes, tudo se resolve. Dizem que o que não tem remédio, remediado está.
Siga sua vida menino, continue.
Pra onde? Não sei dizer-lhe. Mas mesmo sem conhecer o caminho, a saída é não parar. Seja ou não no automático, em algum lugar eis de chegar.
Olhe-me nos olhos. Olhe! Levanta tua cabeça. O que esperas? Tua salvação depende de ti. Porque enganar te colocando a responsabilidade de teu futuro a outros? As escolhas são tuas, menino. A você cabe percorrer a sua trilha.
Venha e observe-se no espelho. Será que não consegues enxergar? Por fora um menino, mas não é somente isso que vejo. Olhe melhor. Reconheço um homem. Um guerreiro cansado, mas ainda assim um lutador.
Não é e perdurará não sendo fácil, se disserem-lhe o contrário estarão omitindo a verdade de ti, mas você sempre soube e mesmo tentando desacreditar, tens consciência que és capaz e forte o suficiente pra enfrentar.
Então o homem-menino abraça-me em sinal de agradecimento por tê-lo lembrado do que teima em esquecer, sua força e coragem de continuar, mesmo necessitando de pausas, a lutar e acreditar.